segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Semana de Arte Moderna

Há exatos 90 anos (em 1922), o Theatro Municipal de São Paulo acolheu a Semana de Arte Moderna, considerada um divisor de águas na produção artística brasileira.

A Semana consistiu em uma exposição, instalada no saguão do Municipal, entre os dias 13 e 18 de fevereiro, e sessões de leituras de poemas, audiências musicais e conferências, realizadas no palco do Theatro nas noites dos dias 13 e 17 e na tarde do dia  15. De segunda a sábado, o público pôde apreciar o que havia de mais inovador na produção artística brasileira naquele momento. A exposição reunia esculturas em bronze, mármore e madeira, desenhos arquitetônicos e maquetes, aquarelas, óleos e colagens. Entre os escultores, estavam o ítalo-brasileiro Victor Brecheret, o carioca Hildegardo Leão Veloso e o alemão Willhelm Haarberg, Antonio Garcia Moya, d eorigem espanhola, e Georg Przyrembel, arquiteto polonês radicado em são Paulo desde  os anos 1910, apresentaram projetos arquitetõnicos de residencias, templos, túmulos e monumentos. Os artistas Ferrignac, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Regina e John Graz, Vicente Rego Monteiro, Martins ribeiro, Zina alta e Yan de Almeida Prado participaram com gravuras, pinturas e desenhos. 

Do festival literário e musical, tomaram parte Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Antonio de Alcântara Machado, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Sergio Millet, Graça Aranha, Heitor Villa Lobos e Guiomar Novaes, entre outros.

A ideia de se realizar um festival de arte moderna teria nascido das conversas entre poetas , escritores, jornalistas e artistas plásticos, como Oswald de Andrade, Mário de Andrade,  Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti e Anita Malfatti, apoiados moral e financeiramente pelo escritor e diplomata Graça Aranha. O grupo era animado pelo desejo de escandalizar a burguesia paulistana e tudo aquilo que considerava retrógrado e ultrapassado, quebrar paradigmas e mudar a mentalidade em relação à arte.

A cidade de São Paulo vivia um surto industrial e um intenso movimento de urbanização. A forte presença de imigrantes europeus na composição da população dava à cidade características especiais e ares de metrópole. sobre os idealizadores da Semana, era inegável a influência do "futurismo" de Fillipo Marinetti e sua proposta de rejeição ao moralismo e ao passado, apostando numa estética baseada no progresso e no avanço da tecnologia. A nova estética proposta pelos participantes da Semana de 22 valorizava elementos da formação nacional e da vida urbana, com seu ritmo acelerado e fugaz. A ideia da "antropofagia" se criou nesse momento, com o desafio de assimilar a contribuição do estrangeiro sem copiá-la, transformando-a em coisa tipicamente brasileira.

Encerrada a Semana de 22, coube aos modernistas construir uma obra baseada nos conceitos que defendiam. Seu legado influenciou outras gerações de artistas brasileiros nas décadas seguintes, não apenas na literatura e na música. em São Paulo, berço da Semana, esse legado ainda está nas ruas e parques, seja nas construções projetadas por arquitetos como Gregori Warchavchik e Oscar Niemeyer, seja nas esculturas públicas de Brecheret, das quais o Monumento às Bandeiras é uma das mais emblemáticas.

Fonte: Depto de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura.

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