sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Fernanda Montenegro - A grande dama dos palcos



Biografia

Arlette Pinheiro Esteves da Silva (Rio de Janeiro RJ 1929). Atriz. Uma das fundadoras do Teatro dos Sete, Fernanda Montenegro marca suas personagens com a sinceridade e o vigor que a tornam uma personalidade destacada na sociedade brasileira, conferindo-lhe o título de primeira-dama do teatro.

Começa a carreira no rádio, aos 16 anos. No teatro, sua primeira experiência é em uma produção de Esther Leão, onde conhece Fernando Torres, seu futuro sócio e marido. Em 1952, ingressa na companhia de Henriette Morineau, Os Artistas Unidos. Em 1954, estréia no Teatro Maria Della Costa - TMDC, atuando em O Canto da Cotovia, de Jean Anouilh, um dos espetáculos mais importantes da companhia, com direção de Gianni Ratto. Permanece no TMDC por dois anos e tem seu primeiro papel de destaque, em 1955, interpretando Lucília em A Moratória, de Jorge Andrade, que lhe vale o Prêmio Saci e a promove ao estrelato. Em 1956, estréia no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, em Divórcio para Três, de Victorien Sardou, dirigida por Ziembinski, onde permanece até 1958, sendo premiada por dois trabalhos: com Nossa Vida com Papai, de Howard Lindsay e Rusel Crouse, 1956, a atriz se revela em plena maturidade artística e seu desempenho, que na opinião dos críticos faz valer o espetáculo, lhe confere o prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais - APCT; com a interpretação sincera e vigorosa de Vestir os Nus, de Luigi Pirandello, 1958, recebe o Prêmio Governador de Estado de São Paulo, e, novamente, o APCT. Diferente dos chamados "monstros sagrados" do teatro, Fernanda Montenegro assimila desde cedo a verticalidade do teatro, na figura do encenador: "... Eu vi que não era só dizer a frase com sujeito, verbo e predicado. Aquilo tinha uma imantação e cada período daqueles estava inserido numa cena, que tinha um batimento, que se unia a outra cena... E assim tinha um resultado não só artístico, mas social, político, existencial. Isso tudo dentro de uma visão estética do espetáculo que correspondesse a uma unidade cênica".1

Funda o Teatro dos Sete, com Fernando Torres, Sergio Britto, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, onde participa de todos os espetáculos até a dissolução da companhia, em 1965. Nesse período é três vezes premiada: pela interpretação em O Mambembe, de Artur Azevedo e José Piza, dirigido por Gianni Ratto, 1959, recebe o Prêmio Padre Ventura do Círculo Independente de Críticos de Arte; por Mary, Mary, de Jean Kerr, direção de Adolfo Celi, em 1963, é premiada pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT; e por Mirandolina, de Carlo Goldoni, em 1964, recebe o Troféu Governador do Estado de São Paulo.

Gianni Ratto, que dirige a maioria dos espetáculos do Teatro dos Sete, traduz a importância da atriz em texto que comemora seus 50 anos de carreira: "A sólida estruturação moral, a noção crítica que ela tem de seu trabalho na perspectiva histórica de suas origens e do mundo ao qual pertence e que ela mesmo criou para si, emprestam ao seu trabalho o cunho do severo e implacável profissionalismo de um artista da Renascença".2

De 1966 a 1968, Fernanda atua em quatro espetáculos, dirigida por Fernando Torres, e recebe o Prêmio Molière por A Mulher de Todos Nós, de Henri Becque, 1966; e por O Homem do Princípio ao Fim, de Millôr Fernandes, 1967. Na década de 1970, atua em Oh! Que Belos Dias, de Samuel Beckett, com direção de Ivan de Albuquerque, 1970; O Marido Vai à Caça, de Georges Feydeau, dirigida por Amir Haddad, 1971; O Interrogatório, de Peter Weiss, direção de Celso Nunes, 1972; O Amante de Madame Vidal, de Louis Verneuil, direção de Fernando Torres, 1973. É premiada por Seria Cômico ... Se Não Fosse Sério, de Dürrenmatt - Troféu Governador do Estado e Prêmio da Associação dos Críticos Teatrais de São Paulo - e A Mais Sólida Mansão, de Eugene O'Neill - Prêmio Molière - ambos em 1976. Com o espetáculo É..., de Millôr Fernandes, 1977, passa 3 anos e meio em temporada, realizando, em quatro capitais, um recorde de apresentações ininterruptas.

Na década de 1980, seu espetáculo mais marcante é As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, de Fassbinder, 1982, pelo qual recebe os prêmios Molière e Mambembe. Macksen Luiz escreve sobre o desempenho da atriz no espetáculo: "Quando os refletores do Teatro dos Quatro iluminam um corpo de mulher no centro do palco, vêem-se apenas as suas costas muito brancas e os cabelos desalinhados de alguém que desperta. Assim tem início para a platéia uma das mais emocionantes experiências que um espectador de teatro pode ter. O privilégio de assistir a um monstro sagrado mostrando, em forma plena, a extensão de seu talento. O seu porte de cena é de um animal, dono de sua liberdade de movimentos num espaço que é inteiramente seu. Há uma intimidade tão estreita entre a atriz e seu espaço de trabalho, que sua criação nada mais é do que um ato de intimidade. Cada pausa, silêncio ou movimento corresponde a um gesto que acentua a intimidade. A sua própria respiração é um elemento dramático tão forte que é impossível ao espectador da última fila deixar de ouvi-la. Fernanda agarrou sua Petra com seus 30 anos de carreira, fez dela quase uma soma das centenas de personagens que já interpretou, desenhando com uma técnica requintada a complexidade das emoções de uma vida. Não há nada que Fernanda faça como Petra que não seja fruto de um extenuante trabalho, mas ao mesmo tempo a carga de emoção que ela consegue projetar na personagem só pode ser explicada por um trabalho irretocável. A força e a inteligência da atuação de Fernanda Montenegro em As Lágrimas Amargas de Petra von Kant nos devolvem a alegria de ir ao teatro".3

Cinco anos depois seu desempenho é novamente consagrado em Dona Doida, Um Interlúdio, de Adélia Prado, 1987, valendo-lhe o Prêmio Molière. Em 1993, sobe à cena com a filha Fernanda Torres, para fazer uma abordagem sarcástica e grotesca da relação maternal em The Flash and Crash Days - Tempestade e Fúria, de Gerald Thomas. Nesse espetáculo feito de silêncio, em que o texto se resume a palavras ou frases só compreensíveis no contexto da ação, a atriz se expõe ao risco e à experimentação cênica.

No cinema, atua, entre outros, em: A Falecida, de Nelson Rodrigues, direção de Leon Hirszman, 1964; Em Família, roteiro de Oduvaldo Vianna Filho, direção de Paulo Porto, 1970; Tudo Bem, direção de Arnaldo Jabor, 1978; Eles Não Usam Black-Tie, direção de Leon Hirszman, 1980. No final dos anos 90, recebe todos os prêmios nacionais, cinco prêmios internacionais e é a primeira atriz brasileira a ser indicada ao Oscar pela atuação no filme Central do Brasil, de Walter Salles Jr.

Pela simplicidade, trabalhada e consciente, Fernanda Montenegro resiste ao papel de mito em que é rematadamente colocada e, nos momentos de homenagem, sempre obriga a audiência a se lembrar dos colegas de sua classe. Ao tentar definir seu estilo, os redatores não resistem a ampliar o olhar para mirar a pessoa e a cidadã. Como Caetano Veloso para o prefácio de sua biografia: "Há artistas que nos abalam com a potência do seu gênio; muitos, na tentativa desesperada de salvar o mundo, dele se afastam, às vezes virando as coisas à própria arte, à vida mesmo. Fernanda, artista de gênio, em nenhum dos três itens foge ao centro: no meio do mundo, no meio da arte, no meio da vida. É assim que a vejo, ela mesma pouco a pouco entendendo seu próprio destino. Esse destino que confere ao seu trabalho uma dimensão que transcende a evidente excelência: suas criações (...) descobrem (inventam) o sentido do nosso modo de ser; nos fundam, nos filtram, nos projetam. E nos acenam com enormes tarefas. (...) Em cena, ela estende um pano sobre a mesa, em silêncio, e tudo está dito sobre a mulher, a elegância, a condição humana e o teatro. De costas para a platéia, sua pele muito branca irradia uma intensa onda sensual, feita de fragilidade e firmeza, coragem e recato".4

Notas
1. MONTENEGRO, Fernanda. Entrevista a Regina Zappa e Pedro Butcher. In: Fernanda Encena: retrospectiva 50 anos, Rio de Janeiro, MAM, 1999.

2. RATTO, Gianni. O primeiro roubo. In: Fernanda Encena: retrospectiva 50 anos. Op. cit.

3. LUIZ, Macksen. Citado por BRITTO, Sérgio. Fábrica de ilusão: 50 anos de teatro. Rio de Janeiro: Funarte, 1996.

4. VELOSO, Caetano. Prefácio. In: RITO, Lúcia. Fernanda Montenegro em o exercício da paixão. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1990.
 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Últimos dias para inscrições no Núcleo experimental de Artes Cênicas

"O Poço"

(Trecho/monólogo de "O Poço")

Dois homens encontram-se confinados num espaço desconhecido, vigiados por uma "intrusa". Diante deles a luz de um poço parece fornecer a possibilidade de fuga ou o derradeiro mergulho a escuridão. Durante uma forçada convivência que envolve momentos de tédio, ansiedade e lirismo (ou loucura), um pretende criar um novo mundo, enquanto o outro deseja apenas companhia.

"O Poço" de Ed Anderson Mascarenhas
Interpretação: Adriano Costello
Direção: Gustavo Haddad

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Raul Cortez - O homem do teatro e da TV

Raul Cortez (1931 - 2006)

Raul Christiano Machado Cortêz (São Paulo SP 1931 - idem 2006). Ator. Dotado de privilegiada personalidade cênica, distingue-se em todo o diapasão da expressividade dramática com desenvoltura e naturalidade, infundindo carisma e simpatia às suas criações.

Sem ter concluído uma formação em direito, Raul integra-se ao Teatro Paulista de Estudantes, onde se inicia no teatro, estreando profissionalmente em 1956 numa ponta em Eurídice, de Jean Anouilh, no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, sob a direção de Gianni Ratto. Na casa, participa ainda de As Provas de Amor, de João Bethencourt, A Rainha e os Rebeldes, de Ugo Betti, e Rua São Luís, 27 - 8º Andar, de Abílio Pereira de Almeida, ambos em 1957, e Os Interesses Criados, de Jacinto Benevente, em 1957, e Pedreira das Almas, de Jorge Andrade, em 1958.

No ano seguinte liga-se ao Teatro Cacilda Becker - TCB, com o qual vai à Europa. Está presente em dois espetáculos de Ziembinski: Exercício Para Cinco Dedos, de Peter Shaffer, e Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, em 1960. Volta ao TBC para, sob o comando de Antunes Filho, viver Juan em Yerma, de Federico García Lorca, que destaca Cleyde Yáconis como protagonista, em 1962, recebendo o prêmio de melhor ator da Associação Paulista de Críticos Teatrais - APCT.

Aparece em César e Cleópatra, de Bernard Shaw, novamente com Cacilda Becker, em 1963 para integrar ainda, no mesmo ano, o elenco de Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki, bem-sucedida encenação de José Celso Martinez Corrêa para o Teatro Oficina, no desempenho de Teteriev, alcançando um ótimo resultado e expressivas premiações. Em 1964, novamente no TBC, vive o Joaquim de Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, inovadora direção de Antunes Filho.

Em 1966, compõe o elenco da frustrada encenação de Júlio César, no Theatro Municipal de São Paulo, texto de William Shakespeare, dirigido por Antunes Filho e produzido por Ruth Escobar.

Em 1969, participa de duas realizações vanguardistas cheias de ressonâncias: Os Monstros, espetáculo de Jérôme Savary baseado em texto de Denoy de Oliveira, vivendo um debochado travesti e, na seqüência, atua como o Bispo, de O Balcão, encenação de Victor Garcia que redimensiona e engrandece o original de Jean Genet, novas oportunidades para premiações. Em Os Rapazes da Banda, de Mart Crowley, vive novamente um homossexual, em 1971, dirigido por Maurice Vaneau com expressivo rendimento; ressurge em Greta Garbo, Quem Diria Acabou no Irajá, traduzindo verdade interior e veracidade ao ralo texto de Fernando Mello, em 1974.

A Noite dos Campeões, peça bem-feita de Jason Miller, em 1976, lhe oferece nova oportunidade de brilho; assim como Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? onde, ao lado de Tônia Carrero, transcende tudo o que já havia feito, arrebatando todas as premiações disponíveis em 1978, numa ótima realização de Antunes Filho.

Tendo lutado pelos direitos de representação, vive em 1979 o Manguari Pistolão de Rasga Coração, texto interditado de Oduvaldo Vianna Filho, encenação de José Renato que o confirma como astro absoluto de sua geração.

Como o Salieri de Amadeus, texto de Peter Shaffer centrado na vida do compositor Mozart, em 1982, encontra novo veículo para exprimir-se em grande desenvoltura. Que é aproveitada em 1985, numa longa excursão com o recital de poemas Ah! Mérica.

Como o protagonista de A Hora e a Vez de Augusto Matraga, mais uma encenação de Antunes realizada com o Centro de Pesquisa Teatral - CPT, em 1986, sobre a obra de Guimarães Rosa, Raul obtém novamente os melhores favores da crítica e do público, num desempenho perfeitamente integrado junto aos jovens da companhia.

Na comédia Drácula, em 1987, interpreta o protagonista com irreverência e em grande estilo, divertindo-se e fazendo o público ir às gargalhadas. Um novo papel dramático, ao lado de Christiane Torloni, o espera em Lobo de Ray-Ban, texto do ator Renato Borghi que enfoca os bastidores do teatro, em 1987, em que é premiado com o Mambembe e Molière de melhor intérprete.

No testemunho do crítico Yan Michalski: "Um ator essencialmente carismático, Raul Cortez é um astro, um protagonista nato: nos seus trabalhos mais significativos, tudo tende a girar em torno dele. Dotado da misteriosa vibração e do narcisismo específico próprios dos monstros sagrados, ele comunica-se com o público de um modo direto e intenso. O caráter predominantemente intuitivo da sua criação não impede que esta comporte também, e cada vez mais, um processo consciente e minucioso na preparação das suas personagens. Estas características marcam também o seu abundante acervo de trabalhos em telenovelas, e as suas participações em numerosos filmes".1

Notas
1. MICHALSKI, Yan. Raul Cortez In: __________. PEQUENA Enciclopédia do teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.

Fonte: itaucultural

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Reflexões Teatrais 10 - Michael Chekhov



“O anseio por conhecimento torna o verdadeiro artista valente. Ele nunca adere à primeira imagem que lhe aparece, porque sabe que não é necessariamente a mais rica ou correta. Ele sacrifica uma imagem por outra, mais intensa e expressiva, e faz isto até que novas e desconhecidas imagens o atingem com seu encanto revelador."

Michael Chekhov
(1891 - 1955)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Confira os espetáculos da Mostra Principal do Festival de Curitiba

(Cena da peça "Sua incelença, Ricardo III)
 Entre os dias 29 de março e 10 de abril, 31 espetáculos serão apresentados em diversos espaços da capital paranaense.

Os ingressos serão vendidos a R$ 50 (inteira) a partir do dia 15 de fevereiro. Confira abaixo a programação da Mostra Principal:


"..." (Reticências)
A História do Homem que Ouve Mozart e da Moça do Lado que Escuta o Homem

Adultério

Anjo Negro

Antes da Coisa Toda Começar

As Próximas Horas Serão Definitivas

Comédia Russa

DNA, Somos Todos Muito Iguais

É Com Esse Que Eu Vou...


Veja mais sobre todos os espetáculos no  Guia Gazeta do Povo

Fonte: Gazeta do Povo

RETIRO DE PALHAÇO

UTI (Unidade de Transformação Intensiva)
PARA QUEM TEM UMA IMAGEM A ZERAR...

Trata-se de uma oficina intensiva, um treinamento com dinâmicas referentes à técnica clownesca, voltado ao público de todas as áreas profissionais (inclusive palhaços e atores), a partir de 16 anos, que queiram experimentar um maior estreitamento com a potencialidade de gerar momentos agradáveis, risíveis e de relação mais franca por meio da "menor máscara do mundo": o Nariz Vermelho.

POR QUE "RETIRO"?

A proposta é que o grupo de participantes realmente "mergulhe" no universo do Palhaço, ou seja, viva-o na maior parte do tempo possível — até durma com a máscara, caso queira encarar seus sonhos com lentes diferentes!

Neste sentido, é importante que se estabeleça este ambiente de intensa convivência, para que possibilidades novas de relação surjam no decorrer das dinâmicas que vão sendo propostas.

Assim sendo, os participantes vivem a experiência hospedados em um belíssimo sítio em meio à Mata Atlântica.

Tanto a estas dinâmicas como ao estudo da apostila de estudo associa-se, também, uma alimentação especialmente pensada para gerar um "estado de espírito" distinto do da vida cotidiana.

Sítio em Parelheiros, zona sul de SP

MARÇO - Edição Carnaval, de 05 a 08
ABRIL - Edição Feriadão, de 21 a 24

Quem viver: Rirá!

Informações: ci_leia@yahoo.com.br   e http://www.retirodepalhaco.blogspot.com/

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Inscrições da Eletrobrás vão até 04 de março

Estão abertas até 4 de março as inscrições para o Programa Cultural das Empresas Eletrobras 2011, que investirá R$ 13,8 milhões em três segmentos: teatro, projetos audiovisuais e patrimônio imaterial brasileiro.


Em fomento ao teatro serão contempladas duas áreas: produção de espetáculos para público adulto, crianças e jovens e festivais de teatro. No fomento ao audiovisual serão apoiadas a produção de filmes de longa-metragem e a realização de festivais de cinema. E na categoria fomento ao patrimônio imaterial, apoio ao inventário, pesquisa, registro, difusão e preservação do patrimônio imaterial brasileiro, de acordo com os conceitos presentes na legislação brasileira – Decreto nº 3551/2000 – e na convenção da Unesco para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial (2003).

Podem concorrer pessoas físicas e pessoas jurídicas de caráter cultural, com ou sem fins lucrativos.

Para se inscrever, clique aqui.

Ou http://www.eletrobras.com/editalcultural/


Fonte: Cultura e Mercado

Movimentos Culturais - REALISMO

O REALISMO

Na segunda metade do século XIX, o realismo surge em reação ao romantismo, e dá preferência a histórias contemporâneas, com problemas reais de personagens comuns. A partir de 1870, por influência do naturalismo - que vê o homem como fruto das pressões biológicas e sociais -  os dramaturgos mostram personagens condicionados pela hereditariedade e pelo meio que se vive.

Economicamente, vivia-se a segunda fase da Revolução Industrial, período marcado pelo clima de euforia e progresso material que a burguesia industrial experimentava em virtude das inúmeras invenções possibilitadas pelas descobertas científicas e tecnológicas.

No ambito cientifico e cultural, ocorre uma verdadeira efervescencia de idéias considerada por alguns como uma segunda etapa do iluminismo - século XVIII.

Dentre essas idéias, surgidas como consequ~encia do aparecimento de várias correntes científicas e e filosóficas, têm destaque:

Positivismo, de Auguste Comte. Para o qual o único conhecimento válido é o conhecimento positivo, ou seja, provindo das ciências;

Determinismo, Hippolyte Taine, que defende que o comportamento do ser humano é determinado por três fatores: o meio, a herança (cultural, social, biológica) e o momento histórico.


Lei da seleção natural, de Charles Darwin, segundo qual a natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos as variações que estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se, sendo eliminados os mais fracos.

Os escritores, diante desse quadro  de mudança de idéias e da sociedade, sentem a necessidade de criar uma literatura sintonizada com a nova realidade, capaz de abordá-la de modo mais objetivo e realista do que até então vinha fazendo o Romantismo.

Ao lado do realismo surge ainda as correntes literárias denominadas "Naturalismo" e "Parnasianismo", de pequena penetração em Portugal. A primeira, que consiste na verdade em uma forma extremada de realismo, procura "provar" com romances de tese as teorias científicas da época, particularmente o determinismo. O Parnasianismo por sua vez é uma corrente que combate os exageros de sentimentos e de imaginação do Romantismo e tenta resgatar certos princípios clássicos de procedimentos. Como a busca do equilíbrio, da perfeição formal e o emprego da razão e da objetividade.

Os três movimentos tiveram ciclo na França, com a publicação do romance realista "Madame Bovary" (1857), de Gustave Flaubert; do romance naturalista "Thérèse Raquin", de Emile Zola (1867), e das antologias parnasianas "Le Parnasse Contemporain" (a partir de 1866).



Definição:

Realismo: movimento artístico cultural que surge na segunda metade do século XIX na Europa, influenciado pelas transformações que ali se operavam no âmbito econômico, político, social e científico. E em reação ao "Romantismo", desenvolvendo-se baseado na observação da realidade, na razão e na ciência. Surge em meio ao  fracasso da Revolução Francesa e de seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. A sociedade se dividia entre as classes Operária e a Burguesia.
As corrente filosóficas se destacam: o Positivismo, Determinismo, Evolucionismo e Marxismo.

Emile Zola
Contudo, o pensamento filosófico mais influente para o realismo é o Positivismo, que analisa a realidade das observações e das constatações.


CARACTERÍSTICAS REALISTAS

Reprodução da realidade; Compromisso com a verdade (o autor é imparcial); Personagens baseados em indivíduos comuns (não idealização da figura humana); As condições sociais e culturais são expostas; Lei da casualidade (toda ação tem uma reação); Abordagem de temas sociais; Linguagem de fácil entendimento, e Exposição do presente (contemporaneidade).
Autores Realistas

Numa fase de transição, "Tosca" de Victorien Sardou, "O copo d'água" de Eugène Scribe, ou mesmo "A dama das camélias" de Alexandre Dumas Filho, já têm ambientação moderna. Mas os personagens ainda têm comportamento titpicamente "romântico".

Na fase claramente Realista o dinamarquês Henry Ibsen discute a situação social da mulher (Casa de bonecas), a sordidez dos interesses comerciais, a desonestidade administrativa e a hipocrisia burguesa (Um inimigo do povo). 

Na Russia Nicolai Gógol (O inspetor Geral) satiriza a corrupção e  o emperramento burocrático; Anton Tchekhov (O jardim das cerejeiras) e Alksandr Ostrovski (A tempestade) retratam o ambiente provinciano e a passividade dos indivíduos diante da rotina do cotidiano; e em "Ralé" e os "Pequenos Burgueses", Maxim Gorki mostra a escória da sociedade, debatendo-se com a pobreza, e a classe média devorada pelo tédio.

Pesquisador: Adriano Costello

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Paulicéia Desvairada no 20º Festival de Curitiba


A peça "Julia e Roman, A invenção do amor", da Cia Teatral Paulicéia Desvairada, estará em cartaz no 20º Festival de Curitiba.

O texto do uruguaio Nelson González, inédito no brasil, é uma deliciosa tragicomédia sobre amor e solidão. A história de uma mulher que em meio a monotonia inventa o seu principe encantado, o seu amor ideal. No entanto, em meio a momentos de paixão, solidão e lirismo, ela será confrontada pelas vozes do seu  inconsciente, que tentarão disperta-la para os perigos dessa invenção de amor.

Sobre a peça:

Julia e Roman. Uma peça que desde o título propõe duas vidas com nome e apelido. Duas vidas “quase” anti-teatrais extraídas da vida “quase” real. E que vivem num mundo onde aparentemente as grandes paixões estão permanentemente camufladas nas paixões fabricadas em telenovelas.

Tudo então é inspirado na atmosfera onírica produzida pelas emissoras de TVs.

No espaço cênico, o real e o imaginário se misturam. A cenografia “realista” mantém-se suspensa por fios, assim como a vida da protagonista. Que vive suspensa por suas fantasias.

Os atores permanecem constantemente no palco, em dois ou três planos. Mantendo-se focados nos acontecimentos da peça e prontos para cena. A luz deverá executar a construção de tempo/espaço e o recorte nítido entre os planos. Em algumas cenas as cores variam de acordo com os sentimentos da personagem, de forma sensorial. Em outras, focos devem sugerir flashs, câmeras de TV, e provocar a distorção entre realidade e fantasia em composição com as vozes que surgem de lugares inesperados - vozes do inconsciente de Julia.

O figurino casual volta-se para uma perspectiva realista e cotidiana, identificando-se com o público. O que também ocorre com as músicas, que contribuem para o resgate da memória íntima dos atores e espectadores, buscando assim alcançar a proposta do texto:

“Que renasçam tuas Julietas adormecidas, e que ressurjam teus Romeus inventados”.

Serviço:
Dia 08/04 às 12h30 / Dias 09 e 10/04 às 15h30
Biblioteca Pública do Paraná
Auditório Paul Garfunkel
Rua Candido Lopes, 133 - Centro - Curitiba/PR
Ingressos: R$20 e R$10
Informações: http://juliaeroman.blogspot.com/