segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Teatro Medieval I

Introdução

O período da Idade Média ocorreu durante a desintegração do Império Romano no Ocidente, no século V (em 476 d. C.), e terminou com o fim do império, com a queda de Constantinopla, no século XV (em 1453 d.C.).

Este período entre os séculos V e XV d.C. também ficou conhecido como a “Idade das Trevas”, por causa da estagnação cultural da sociedade. A Igreja monopolizava toda e qualquer manifestação de pensamento, como por exemplo: a literatura, a filosofia, a ciência e as artes. O teatro era utilizado como instrumento da Igreja para arrebanhar fiéis e para catequizar o povo.

As peças eram de cunho religioso ou profano. Enquanto a igreja utiliza como instrumento de propaganda, grupos populares satirizavam o catequético, o Cristianismo. No entanto, utilizavam-se sempre do mesmo tema: a religiosidade.

O teatro medieval deriva do rito religioso (a missa cristã), do mesmo modo como, na Antiguidade, a tragédia grega. Ele se formou aos poucos, e surge da liturgia, isto é, da dramatização do texto da Bíblia lido durante o ofício divino.

"Os temas ficavam em torno da piedade e do temor a Deus, bem como pela imposição das regras e convenções de uma sociedade altamente normatizada."

As primeiras manifestações

As primeiras manifestações teatrais ocorreram na Plena Idade Média, seguidas de um grande florescimento na Baixa Idade Média. A sociedade feudal, rigidamente estratificada, compreende uma aristocracia, formada pela união da nobreza e do clero, e o “Terceiro Estado”, representado por servos e camponeses livres e, posteriormente, pela burguesia. No ápice do sistema de dominação encontra-se a Igreja Católica.

Para manter o statu quo a igreja descobre o teatro como fator capaz de disseminar sua ideologia de obediência e submissão aos valores estatuídos. Por esse motivo, o teatro é popular, dirige-se a todas as camadas do povo (e não à classe dominante), transformando-se no lugar privilegiado do desejo de ensinar inerente à arte medieval, presente no teatro religioso, no cômico e até na poesia narrativa, nos fabliaux. Mas, quando o clero não pode mais controlar as energias sociais que se lhe contrapõem e que se intrometem na representação teatral, ele proíbe então a representação dos mistérios (séc. XVI).

Na Alta Idade Média, a Igreja havia vetado igualmente, como manifestação pagã e fator de dissolução dos costumes, o remanescente teatro latino que já havia declinado com o final do Império Romano. O aparecimento do teatro religioso, no século XII, coincide com um ressurgimento dos clássicos latinos em alguns centros, como as escolas de Fleury-sur-Loire, em textos mais destinados à leitura do que à encenação. Porém antes disso, em torno do ano 1000, a freira saxã Hroswitha produz os primeiros dramas edificantes, onde mistura Teologia com Terêncio e Sêneca.

Naquele momento, dois conjuntos de manifestações culturais são muito desiguais e se desenvolvem, paralelamente,  correspondentes a dois tipos distintos de concepção do mundo. Por um lado, o universo religioso e, por outro, a cultura popular carnavalesca.

Esses dois campos vão se juntar na parte final da Idade Média. Mas, durante séculos, suas manifestações mantêm-se afastadas, ainda que correndo paralelas e sendo vivenciadas pelos mesmos homens. O medievo experimenta as duas sensações de mundo: a devoto-religiosa e a profano-carnavalesca. Ainda que o faça em momentos claramente diferenciados.

Vocabulário:
*Fleury-sur-Loire: Comunidade Francesa na região da Borgonha
*Fabliaux: História em quadrinhos, forte presença no nordeste da França, entre 1150 e 1400 d.C. Geralmente de naturezas picantes, muitos foram retrabalhados por Giovanni Boccaccio para o Decamerão.
*Statu quo: Estado em que se encontra./ A situação atual  Expressão latina que designa o estado atual das coisas, seja em que momento for.

Fontes de pesquisa:

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