Talvez o nome real deste tópico devesse ser "Dramaturgos anônimos", já que muitos dos que colocaremos aqui escrevem há muito tempo e continuam no anonimato. Mas o intuito aqui é revelar estes e tantos outros dramaturgos "ainda novos" para muitos. Então, que venham os "Novos Dramaturgos".
Alair Negri - brasileiro, professor, bancário, dramaturgo e poeta. Natural de Alto Alegre (SP), vive atualmente em Penápolis.
Alair, que dedicou e dividiu sua vida trabalhando como bancário, professor universitário e escritor, conta que durante os anos 70 estudou na escola Macunaíma em São Paulo recém aberta por Silvio Zilber e Myriam muniz, fala como foi participar do "Movimento Zero Hora" (movimento teatral em São Paulo entre os anos 70 e 80) e da censura militar que cortava trechos das suas peças que ele nunca cortou das montagens que fez. Suas peças teatrais carregam o tom bem humorado do caipira, o resgate da cultura popular, a critica aos problemas sociais, a poesia, e os sonhos por melhores dias.
Obras e Prêmios
- Mamulengos (Perfil e Condição) - Prêmio de melhor texto e direção em Festival de Teatro Amador da Alta Noroeste;
- NOVO (Um auto de natal para o amanhã) - Prêmio Governador do Estado de São Paulo (1977);
- Hamster (Minha teoria sobre você) - Prêmio melhor texto festival de Teatro Amador;
- Pastoral dos nús - Prêmio leitura do SNT (1977);
- Sonho Azul (infantil) - Prêmio melhor música original do Teatro amador de Penápolis.
- Mulher e Terra - (Poesias) Prêmio SUAM da Sociedade Augusto Motta (Rio de Janeiro - 1980)
Os textos "Pastoral dos Nus", "NOVO" e "Sonho Azul" estão publicados nas antologias do Movimento Zero Hora.
A ÚLTIMA CHUVA*
(Alair Negri)
A última chuva trouxe a saudade.
Secou os campos feriu as aves,
requeimou toda flor.
Fio de pedra fina sobre o teto,
a casa, quase vazia,
chorava os pingos pelos vãos desertos.
O cachorro latiu no terreiro.
Com a última chuva,
o medo tornou-se granito e dor.
Nas valas, pios de cobras pululavam
e o grotão da enxurrada
escondia os grilos
na noite sem cantor.
A última chuva verdejou o silêncio.
Depois do vento, brotou a lentidão
do tempo. E o mágico abrir da lua
pela noite
não veio.
A branca pele pelo alto
se mostrando em névoa
veio
e com ela trouxe apenas
o desamor.
*Poema extraído do Livro "Mulher e Terra" de Alair Negri.
Pesquisador: Adriano Costello
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